Tuesday, July 22, 2014

Por que o Método de Ovulação Billings orienta suas usuárias a não tocar o muco cervical para avaliação tátil?



O muco cervical é uma secreção produzida pelas criptas (glândulas) presentes no canal cervical (endocervice). Sua produção e características sofrem variações de acordo com os níveis hormonais, alterando-o bioquimicamente e biofisicamente durante o ciclo menstrual. Os diferentes tipos de muco são secretados por diferentes criptas nas várias regiões do canal cervical, e esta resposta depende do grau de atividade ovariana e produção de estrogênios.

Algumas das propriedades do muco são: Viscosidade, Elasticidade (filância) e Cristalização. A Filância é caracterizada pela capacidade dos fluídos formarem fios quando esticados, retornando a sua forma original após o fim da pressão. A Cristalização do muco cervical, quando fixado a ar, em lâmina, apresenta um aspecto de arborização com cristalização, esse fenômeno ocorre a partir da formação de cristais de cloreto de sódio e de potássio em torno de uma quantidade de matéria orgânica. E a viscosidade que é classificada como densa, intermediária e fina.
  
Os estudos da atividade da cérvix uterina durante o ciclo, demonstraram que implicitamente todas as mulheres férteis observam, ou podem ser treinadas para observar, a secreção de um único padrão de muco proveniente da cérvix próximos do tempo da fertilidade, que se manifesta na vulva como um fluxo vaginal. Observou-se que a secreção de muco que produz o fluxo vaginal, ao chegar na vulva produz uma alteração na sensação, determinando o que é chamado de sintoma mucoso. O sintoma mucoso se dá pelo estudo das diferentes sensações, produzidas pelas diferentes viscosidades dos diferentes tipos de muco.
 
Apesar da grande divulgação do Método de Ovulação Billings associado a imagem de uma mão com uma certa quantidade de muco sendo distendido, , hoje sabe-se que é um equívoco usá-la, pois esta não é compatível com a realidade do método.


As secreções vaginais drenam em direção a região vulvar e necessariamente produz uma sensação. A mulher é continuamente consciente destas sensações pois é inerente a sua fertilidade. O muco cervical nem sempre será visualizado, e para muitas mulheres alguma visualização de muco durante o seu Padrão Básico de Infertilidade (PBI) pode determinar o início da fertilidade, no entanto, o mesmo não ocorre para identificar o Ápice da fertilidade, pois nesta condição a mulher pode sentir a sensação escorregadia e não visualizar o muco, ou poderá não mais experimentar a sensação de lubrificação vulvar e ver o muco com característica transparente, o que poderá causar confunsão. Usualmente é tentador acreditar mais no que se vê, embora a sensação apresentada diga o contrário. A decisão para optar entre o que se vê e o que se sente, muitas vezes optando pelo que se vê pode levar a perda da confiança no MOB, principalmente quando o método não corresponde a intenção do casal.

Ao longo dos anos a prática do WOOMB ( Organização Mundial do Método de Ovulação Billings) no ensino do MOB, demonstra que procurar o muco cervical dentro do canal vaginal, ou aplicar a técnica para verificar a filância do muco, geram confusão no aprendizado e interpretação do padrão. Os estudos realizados pelo professor Brown, em conjunto com o professor Odeblad, garantem a eficácia da aplicação do sintoma mucoso, baseada nas alterações hormonais que desencadeiam o início do período fértil até a ovulação e a infertilidade pós-ovulatória.

Karen Fernandes, enfermeira e instrutora do Método de Ovulação Billings.











Wednesday, July 9, 2014

A inutilidade da dona de casa.




Dia desses estava assistindo a um programa de televisão cujo apresentador é um homem culto, mega empresário e bem sucedido profissionalmente. O assunto do programa girava em torno dos vários temas polêmicos que já havia sido apresentado. 

Um dos temas falava sobre as donas de casa. Eis, então, a pérola do tal apresentador: “eu respeito muito a mulher que, mesmo fazendo faculdade, decide ficar em casa e cuidar dos filhos. Entretanto acho legal quando ela não pára com os estudos, mas continua se aprimorando. Essa, sim, merece meu respeito, porque não ficou em casa sendo inútil como dona de casa, mas continuou a se valorizar”.

Não é difícil perceber nesta fala o preconceito do respectivo apresentador com as donas de casa. Na verdade, ele não respeita a mulher que decidiu ficar em casa por conta dos filhos, marido e casa, mas aquela que achou “cult” optar por isso.

O que seria “cult” neste assunto? Explico. Nossa sociedade é permeada pelo pensamento feminista de que a mulher não pode ficar em casa, pois perde tempo na vida e se rebaixa ao homem. Sendo assim, tentou equiparar homens e mulheres num mesmo patamar. Não deu certo. Então, resolveram dar à mulher a opção de trabalhar fora, ser o arrimo da família, enquanto o homem cuida dos filhos e da casa. Também não deu assim tão certo. Então, essa feminista encontrou um jeito de ficar em casa, mas não parecer “empregada” do lar (visão torta sobre os cuidados do lar, diga-se!). Ela cuida dos filhos, mas não deixa de estudar.

Ora, que a mulher pode fazer isso, não há problema algum. A única razão para repensar sobre isso é se esta mesma mulher entende que ser irrealizada é ser “apenas” mãe e esposa, dona de casa. 

Nossa sociedade precisa, urgentemente, rever seus conceitos sobre este assunto. Já é passada a hora de compreender que a dona de casa é a base de uma família. Que por trás de um grande profissional há aquela dona de casa que cuidou dos filhos, da educação, da família. Que cuidar da casa e dos filhos não é nada inferior, mas importante e necessário. Que é chegada a hora de repensarmos se devemos mesmo delegar a outra mulher a chefia e o cuidado da nossa casa e família, pagando-lhe um salário mensal. Que hoje a sociedade precisa de mulheres que não enxerguem o serviço do lar como algo “cult”, mas fundamental para uma família feliz. 

Enquanto isso não ocorre, continuaremos a ver homens e mulheres que enxergam na dona de casa uma inútil que, a bem da verdade, inútil e inapropriado é este pensamento.



Evelyn Mayer, casada, mãe, professora de Língua Portuguesa e palestrante de recursos humanos em indústrias.


Thursday, July 3, 2014

Os Diferentes Tipos de Sangramentos e o Método de Ovulação Billings™.



 O ciclo menstrual  inicia-se  com a perda sanguínea em fluxo(não em manchinhas), e esta é proveniente da descamação do endométrio (camada interna que reveste o  útero). Em todos os ciclos o corpo da mulher prepara-se para acolher uma nova vida, e são as alterações hormonais ao longo do ciclo que estimulam o crescimento endometrial e o aumento do fluxo sanguíneo, tornando o útero apto para a implantação do embrião e formação da placenta. Logo, a menstruação é a causa fisiológica do processo ovulatório sem concepção.


Chamamos de “ovulação” ao processo em que o ovário libera um óvulo maduro. Trata-se de um evento único dentro do ciclo menstrual. Evento que depende de um trabalho de alta complexidade realizado pelos hormônios. Estes agem como mensageiros que passeiam pelo sangue – e cada tipo de hormônio é responsável por uma mensagem diferente. Os receptores dessas mensagens, de vários tipos, como o de estrogênio e progesterona, só compreendem as ordens dos hormônios se eles estiverem no sangue em quantidade adequada. Ou seja, o amadurecimento do óvulo, a liquefação do muco cervical e o crescimento do endométrio só acontecem se os hormônios trabalharem em perfeita harmonia para produzir a reação em cadeia na qual um comando estimulará cada elemento, cada etapa, até produzir a ovulação. Qualquer alteração nessa harmonia tornará o ciclo reprodutivo deficiente.


A ocorrência de ciclos deficientes é identificada em várias fases da vida reprodutiva da mulher, como na fase da amamentação, pré-menopausa, abandono da medicação hormonal e o início da vida reprodutiva. Segundo o Dr. James Brown estes ciclos fazem parte do “Continuum da Fertilidade”, isto é, ocorrem de forma esporádica. Nestas fases geralmente os hormônios estão alterados ou se reorganizando, e após um longo período de infertilidade por retardo da ovulação, inicia-se o período do retorno da fertilidade, que pode apresentar uma resposta rápida do processo ovulatório ou pode passar por várias tentativas de ovulação. Quando não há doenças associadas, o sangramento irregular é efeito direto da tentativa do retorno da fertilidade, porém não é este um sangramento menstrual pois a ovulação não ocorreu. 

Sangramento de Rompimento ou Breakthrough.

O sangramento de Rompimento se dá em 2 circunstâcias específicas:

1.    na presença de altos níveis de estrogênio ou

2.    por estimulacão estrogênica contínua.



Sangramento de Rompimento por altos níveis de estrogênio.

No período que antecede ovulação os folículos em crescimento produzem altos níveis de estrogênio, que estimulam o crescimento “excessivo do endométrio deixando-o muito espesso e irrigado de sangue. Quando o aumento dessa espessura “rompe o seu limite, o endométrio não suporta e descama, produzindo a perda de sangue.

Sangramento de Rompimento por estimulação de estrogênio contínuo.

O retorno da fertilidade e regularidade do ciclo, se inicia por estímulos hormonais provenientes do sistema neuroendócrino, que enviam uma mensagem para o amadurecimento dos folículos ovarianos. Porém pela falta de hormônios em quantidades adequadas, os folículos não se desenvolvem por completo permanecendo num estado de estimulação continua. A estimulação contínua dos folículos induz a uma produção crônica de estrogênio, que por sua vez estímula continuamente o endométrio. Com a estimulação continua de estrogênio o endométrio desenvolve-se excessivamente, alcançando o  “limite de sua espessura”, que resulta na sua descamação e perda sanguínea. 

As usuárias do MOB quando orientadas reconhecem a estimulação estrogênica contínua, pois observam na anotação de seu gráfico, dia após dia a presença da sensação escorregadia, que pode ser seguida da visualização de uma descarga de muco fino. 
Sangramentos nestas condições podem indicar alta fertilidade e geralmente estão associados a outros sintomas como muco visível, sensação escorregadia e vulva edemaciada. Este sangramento pode se apresentar de forma leve com manchas de sangue, ou como fluxo sangue e períodos maiores. 


Sangramento de Privação ou Withdrawal bleed.

O sangramento de Privação se dá pela retirada do estímulo do estrógeno sobre o endométrio, provocando sua rápida regressão e a alteração da sua complexa estrutura vascular. Se não há estrógenos para sustentar o endométrio este perderá o suporte e descamará.

Ao entender estes dois tipos de sangramento, torna-se mais fácil entender alguns sangramentos irregulares vivenciados pela mulher, além da compreensão do sangramento menstrual, que é um sangramento de Privação dos hormônios estrógeno e progesterona. Aproximadamente 7 dias após a ovulação sem concepção, o estímulo hormonal que mantém o endométrio começa a diminuir, devido a degeneração do corpo lúteo, produzindo alterações na sua estrutura até o fenômeno menstrual.



Sangramento de Nidação.


A Nidação é a fixação do bebê/embrião no endométrio. Este sangramento ocorre porque durante a fixação do embrião é necessário que este penetre profundamente o endométrio, é como um “cavar”, e este processo pode levar a descamação endometrial. Estima-se que 30% das mulheres apresentam sangramento de nidação.

Sua ocorrência se dá por volta do sétimo dia após a fecundação, ocasionando uma possível confusão com o início da menstruação. Suas características apresentam-se de forma variada, como um sangramento em borra ou rosado, ou vermelho claro ou escuro, porém sempre em pequena quantidade por no máximo 3 dias. Algumas mulheres o identificam uma única vez, e outras várias vezes durante a higiene pessoal ou na roupa íntima.


O Método de Ovulação Billings permite a mulher acompanhar a sua saúde reprodutiva e a reconhecer os diferentes tipos de sangramentos. 

1- Estudos sobre a Reprodução Humana. Atividade Ovariana, Fertilidade e o Método de Ovulação Billings™. Brown, James B.
2- Menstruação: Mecanismo Local. Rosa Maria Busana Clauzet.
3- Ensinando o Método de Ovulação Billings - Parte 2. Variações do Ciclo e a Saúde Reprodutiva. Evelyn L. Billins/John J. Billings