Thursday, February 27, 2014

Mais cesárea, menos filhos.


Cesárea é uma técnica cirúrgica que consiste em retirar o bebê do útero através da abertura do abdome e útero. Quando indicado, o recurso cirúrgico é um aliado fundamental para assegurar a saúde materno-infantil, como por exemplo, um bebê na posição transversa.

Com base em evidências científicas, a Organização Mundial da Saúde preconiza que aproximadamente 15% dos partos necessitam de intervenção cirúrgica, já os outros 85% em média, são gestações de baixo risco que podem ser levadas naturalmente até o momento do trabalho de parto e parto vaginal, que é comprovadamente mais seguro.


Diversos países possuem taxas elevadas de cesarianas, muito acima da recomendação, incluindo o Brasil onde mais de 50% dos partos totais ocorrem por via cirúrgica, apresentando ainda uma taxa alarmante na rede privada de mais de 80%.


Além do problema ético e dos riscos ignorados na indicação da cirurgia, para as mulheres que desejam ter muitos filhos, optar de forma eletiva por uma cesariana ou se deixar enganar por uma falsa indicação pode significar a modificação do futuro obstétrico da mulher, levando a consequência drástica da impossibilidade de múltiplas gestações.


No Brasil, quando a mulher inaugura sua história obstétrica com uma cesariana, esse é um fator determinante para que o segundo parto também seja cirúrgico. A mulher passa por uma cesárea desnecessária, e qual a indicação da próxima cesárea? Cesárea anterior! A alegação é sempre a mesma: o risco de ruptura uterina. No entanto não há embasamento científico no mundo que sustente este argumento, já que o risco de ruptura uterina é de 1%. Se no primeiro momento a mulher optou pela cesárea ou houve uma falsa indicação, no segundo nascimento ela torno-se vítima da via de nascimento se não estiver disposta a se libertar deste ciclo vicioso.


Ao casal que deseja uma família numerosa, passar por uma cesárea desnecessária pode alterar seus planos significativamente. A cesárea está associada a inúmeros riscos de curto e longo prazo, sangramento excessivo, dor na região pélvica, dor na relação sexual, aderências pélvicas, descolamento de placenta, placenta prévia, parto prematuro, acretismo placentário, infertilidade, abortamento, lesões de bexiga ou intestinos e até a perda do útero. Tornando-se comum a orientação de se evitar mais filhos a partir da segunda ou terceira cirurgia, ou na forma mais otimista espaçá-los com intervalos longos.


A verdade é que os riscos da segunda cesárea ultrapassam os riscos de ruptura uterina. Se um casal deseja verdadeiramente proteger suas gestações futuras, e abrir-se generosamente aos filhos, é necessário romper com a mentalidade cesarista. Entender que o corpo feminino foi perfeitamente desenhado para parir e informação é o primeiro caminho.


Karen, esposa, mãe de 4 filhos de cesariana.