Thursday, October 1, 2015

Muitas mulheres querem deixar a pílula anticoncepcional, mas sentem-se ansiosas em como terão autonomia sobre sua fertilidade, além da preocupação com a necessidade de abstinência para o aprendizado e no tempo fértil. O Método de Ovulação Billings é eficaz? É possível viver a abstinência sexual de forma positiva?


O Método de Ovulação Billings possui 99% de eficácia para espaçar a gravidez, quando as orientações são seguidas corretamente (BILLINGS, Evelyn & WESTMORE, Ann.
O Método Billings, 2004).


Sim. É possível viver a abstinência sexual de forma positiva. É fato que quando o casal está acostumado a pílula anticoncepcional, e se propõe a viver a abstinência periódica, esta implicará em algum tipo de reajuste no relacionamento sexual. Porém, se antes a mulher era completamente responsável pela fertilidade do casal, tornando-se infértil artificialmente, agora ambos vivem a fertilidade combinada. Quando esta nova proposta é aderida pelo casal, os tempos de abstinência ganham novo sentido, pois agora como ambos são responsáveis pela fertilidade, não há mais falsificação da liberdade, no MOB homem e mulher aprendem a se aceitar como são - saudáveis e férteis - além dos benefícios para a saúde da mulher. A partir do momento que o casal respeita seus corpos, a vivência da instrumentalização do outro para benefício próprio ("o meu prazer") tende a diminuir progressivamente, para favorecer a verdadeira liberdade, o controle de si mesmo.
A privação de relações sexuais não significa privação de carinho e afeto, o que permite constatar que casais que usam do método natural, aprendem a se comunicar melhor sobre sua vida afetiva e sexual.

Monday, September 28, 2015

Na fase de amamentação, é possível a mulher reconhecer a sensação de umidade constantemente e esta não ter relação com a fertilidade?



Sim. Uma mulher pode se manter úmida por longo período durante a fase de amamentação, e esta sensação pode não apresentar qualquer relação com a fertilidade.

Se na anotação diária, a mulher perceber que a sensação de umidade é frequente, se faz necessário uma nova observação para possível redefinição do Padrão Básico de Infertilidade (PBI), isso quer dizer, que novamente o casal deve se abster das relações sexuais por duas semanas, as vezes um pouco mais. Se nesta nova observação, a umidade com ou sem presença de muco, manter-se igual dia após dia, sem evolução na visualização e/ou sensação, significa que a mulher definiu um novo PBI, ou seja, ela reconhece que esta umidade não apresenta relação com a fertilidade. Após definir o novo PBI, se o casal deseja adiar uma nova gestação, deve aplicar as "Regras dos primeiros dias”.

Se após o reconhecimento do novo PBI, a mulher reconhecer nova mudança, este é um sinal seguro de alteração hormonal. Mínimas variações no PBI indicam que os hormônios estão numa condição estável,  já as frequentes mudanças da sensação ou visualização do muco indicam movimentação hormonal. Os hormônios responsáveis pelo retorno da fertilidade, tendem a manter um padrão oscilatório por aproximadamente um ou dois meses antes do retorno da ovulação, e essas variações que sinalizam  o retorno da fertilidade, geralmente estão associadas com a idade e as mudanças dos hábitos de sono e alimentação do bebê.

Se o padrão de muco e/ou sensação estão instáveis, causando confusão, orienta-se adiar as relações sexuais até o reconhecimento do ápice e aplicação da regra do ápice. O ideal nesta fase é estar acompanhada por uma instrutora do Método de Ovulação Billings, ela é a melhor pessoa para te orientar neste tempo de ajuste hormonal.

A fase de amamentação é um privilégio para mãe e bebê, ambos se beneficiam enormemente com a prática, e muitos casais usuários do Método de Ovulação Billings que se consideram preparados para esta nova fase, ainda desconhecem a correlação entre amamentação, infertilidade e vida sexual. Algumas mulheres na fase de retorno da fertilidade, podem produzir um padrão com muitas variações, tornando-se necessário um período de maior abstinência sexual, dessa forma, os casais que já vivenciam o MOB podem evitar esse momento de possível frustração, dialogando com antecedência sobre este assunto.

Para melhor superação das dificuldades na fase de retorno da fertilidade, a compreensão sobre a amamentação e o conhecimentos do funcionamento do corpo neste período, é de fundamental importância, pois o casal está convicto sobre o valor da sua escolha, que beneficia a saúde da mulher, do bebê e o vínculo afetivo familiar. A mulher sente-se grata por poder nutrir o seu filho e amada por seu esposo que se compromete com esta fase, não se importando com as limitações que esta pode ocasionar. 

Monday, August 31, 2015

O corpo que gera é incapaz de parir?




O útero é definitivamente um órgão incrível, ciclo a ciclo se prepara para receber a nova vida concebida e a acolhe em seu leito almofadado de sangue, o bebê se implantará e terá todo o suporte necessário para crescer.



As modificações uterinas são drásticas, o peso do útero que inicialmente é de 50-70g ao final da gestação poderá pesar até 1kg, a sua capacidade volumétrica passará de 3-10ml para 4-5L, o miométrio que é a camada muscular do útero crescerá em volume, aumento do número de células musculares e aumento do calibre de artérias, veias e vasos linfáticos. Alterações elásticas nas fibras musculares, permitirão ao miométrio essa capacidade impressionante de resistência da parede uterina, ou seja, apesar de tornar-se fino é capaz de suportar o bebê, a placenta, e o líquido amniótico.
Devido aos diferentes tipos de alterações que ocorrem nas fibras musculares do útero, é possível observar que a espessura no fundo do útero é menor do que ocorre no colo, além dos diferentes sentidos das fibras; enquanto no fundo do útero concentra-se um músculo em forma de espiral (como uma mola), pois estas características são necessárias para as contrações durante o trabalho do parto, no colo, concentra-se fibras resistentes capazes de suportar a pressão intra-uterina durante toda a gestação. Além do colo do útero estar fechado por uma barreira protetora de muco, evitando a entrada de microorganismos para dentro do útero.


Além das modificações uterinas, todo o corpo feminino se adaptará para manter a gestação, entre elas, mudanças no sistema circulatório, respiratório, muscúlo-esquelético, endócrino, etc.


Mesmo diante da constatação desta realidade perfeita das alterações morfológicas e fisiológicas que ocorrem no útero durante a gestação, o que se observa nos dias atuais, principalmente no Brasil, é um aumento insano do número de cesáreas, além da medicalizacão e instrumentalização desnecessária do parto. Os fatores para tal realidade são inúmeros, porém cabe destacar que a desmoralização do trabalho de parto e parto, como um evento que a mulher é incapaz de passar física e psicologicamente, é  também fruto da degradação da feminilidade e da masculinização da mulher, que tornou a fertilidade uma inimiga e por consequência a maternidade. Essa nova cultura não é fruto do acaso! Desde a revolução sexual e a introdução da cultura da morte, da cultura da infertilidade, as mulheres estão sendo bombardeadas com a mentalidade da necessidade de medicalização da saúde, rompendo a relação harmoniosa com o seu corpo e sua condição fértil.


Como justificar tantas cesáreas e intervenções desnecessárias durante o trabalho de parto e parto? Por que a mulher aceita tão passivamente ser medicalizada em sua saúde? Este corpo que é capaz de gerar e manter uma gestação de modo admirável é incapaz de parir?