Wednesday, May 10, 2017

5 pontos que você precisa considerar sobre o DIU



Em geral, informações acerca do DIU podem parecer controversas. Esse texto visa esclarecer o mecanismo de ação do DIU e o porquê das opiniões divergentes sobre ele.

1. O que é o DIU

O DIU (dispositivo intrauterino) é um pequeno dispositivo plástico (polietileno) que é colocado dentro do útero da mulher para impedir a gravidez. Ele contém cobre ou hormônio.

2. Como funciona

 DIU hormonal contém progesterona, que é lentamente liberada e interfere no desenvolvimento do endométrio, fazendo com que o mecanismo primário deste agente seja o impedimento da implantação do embrião no útero. Ele também altera a secreção natural do útero, dificultando a chegada do espermatozóide até o óvulo. Abaixo é possível observar que a bula do DIU (nesse caso, o Mirena), é clara ao definir o mecanismo de ação:



DIU de cobre provoca uma reação inflamatória no endométrio, prejudicando a implantação do embrião no útero. Por sua toxicidade, ele também interfere na viabilidade dos gametas.

O mecanismo de ação é ainda mais controverso quando se trata do DIU de Cobre, uma vez que as informações são sutis, inclusive nas bulas. Vejamos um trecho da bula do DIU T-380A (ParaGard):



O primeiro ponto a ressaltar é que a bula não deixa claro que a reação inflamatória que acontece no útero não é tóxica apenas aos espermatozóides, mas também ao embrião que porventura seja concebido. No entanto, essa informação está sutilmente inserida na frase seguinte, que afirma que o DIU impede o desenvolvimento posterior do ovo. “Ovo” significa óvulo fecundado. Nesse caso, o efeito tóxico pode matar esse óvulo fecundado antes mesmo que ele chegue ao útero para se implantar. Caso ele chegue ao útero vivo, encontrará ali um ambiente hostil com processos inflamatórios que o impedirão de se implantar. Apesar de não ter usado a palavra “implantação”, a bula descreve, nas entrelinhas, que ele prejudica a implantação.

3. Efeitos colaterais do DIU

O DIU pode causar desde sangramento irregular até perfuração do útero.

4. O DIU é abortivo?

Abortivo é um agente que causa um aborto por impedir a continuação do desenvolvimento de uma nova vida recém concebida. Esse impedimento é feito de maneiras muitas vezes drásticas, e de outras mais sutis. Ou seja, todas as medidas usadas para impedir o desenvolvimento de uma nova vida humana desde seus estágios mais iniciais de desenvolvimento, produz um aborto.

Se analisarmos a informação por vezes difundida - embora errônea - de que a gravidez inicia apenas após a implantação do embrião no útero, poderia fazer sentido dizer que o DIU não é abortivo. No entanto, se há uma extensa informação científica caracterizando o início da nova vida humana quando da fertilização, e estando claro que o DIU impede a implantação, verdade seja dita: o DIU, seja hormonal ou seja de cobre, é abortivo.

5. Fertilização ou implantação?

Os dois principais processos que ocorrem no início da formação de uma nova vida humana são:

1. O esperma alcança o óvulo e aí acontece a fertilização.

2. Esse óvulo fertilizado chega no útero e se implanta para continuar se desenvolvendo.


Já é fato consumado pela ciência que, no momento da fertilização se dá a origem de um novo ser humano. O que acontece entre o momento da fertilização e a implantação do embrião no útero é uma série de divisões celulares que fazem parte do desenvolvimento dessa nova vida humana. No entanto, esse embrião - que, inclusive, já tem seu próprio DNA - ainda não está no útero da mulher, está na trompa. Isso porque a fertilização acontece na trompa, e então, o óvulo fertilizado atravessa a trompa até chegar no útero. Ou seja, nós já começamos a nos desenvolver como ser humano antes de chegar no útero. Isso foi recentemente reafirmado e aprofundado através de um estudo recente publicado pela revista Nature, do qual já escrevi um artigo sobre. Esse estudo recente desmistifica a ideia de que a gravidez começa na implantação e ressalta a gravidade de métodos “contraceptivos”, como o DIU, que interferem com a implantação e, de maneira sutil e oculta, causam aborto.


Estes 5 pontos são apenas um brevíssimo resumo de informações acerca do tema. Há diversos interesses de organizações e indústrias farmacêuticas em manter algumas informações não muito claras. Muitos dos efeitos (inclusive, colaterais) dos contraceptivos ainda estão sendo estudados, por isso, cabe à ciência aprofundar e disseminar informações corretas e claras; livre de influências e interesses de organizações e indústrias. E cabe a nós nos aprofundarmos no assunto, para que cada vez mais mulheres saibam o que estarão fazendo caso optem pelo uso do DIU.


Ana C. V. Derosa
Doutora em Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina